terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Entidades e Associações Malucas

Quando não tenho o que fazer, ou quando tenho e não estou muito disposta, gosto de ficar conjecturando e criando entidades e associações malucas. De todas elas faço parte e sou presidenta vitalícia. O mais divertido no final é criar as carteirinhas de associado...
Lá vão algumas delas...





ASSOCIAÇÃO DOS ARQUIVISTAS DO NARIZ ENTUPIDO (AANE)




A maioria dos arquivistas tem problemas respiratórios crônicos. O ambiente em que vivem é totalmente inóspito, cheio de ácaros, poeira,produtos químicos (DDT por exemplo existia num acervo do Arquivo do Estado, onde trabalhei). Sem contar que alguma vezes eles têm que viver "climatizados" com o acervo: o ar-condicionado ligado no máximo, desumidificador de ar funcionando e roubando a umidade necessária para as vias respiratórias do arquivista, mas totalmente nociva para o arquivo... Resultado é que somos tipos de fala anasalada, viciados em caixa de lencinhos de papel, colecionadores de "ites" (bronquite, sinusite, rinite, laringite, faringite), conhecedores de remedinhos e quebra-galhos. Temos que nos unir para sobreviver... Ou será que já não somos espécies mutantes, resistentes a qualquer ecossistema hostil de arquivo?




CLUBE DAS BALZACAS



Quando se chega aos 30 ficamos perdidas. Quem somos? Para onde vamos? Não adianta ler o Balzac no banheiro em busca de respostas, a Julie de "A Mulher de 30 anos" não tem muito a nos aconselhar nestes nossos anseios contemporâneos. O "Diário de Bridget Jones" tem alguns vislumbres e o seriado "Sex and The City", vá lá. Nada como as vivências nuas e cruas compartilhadas.




CLUBE DO PORCO LOUCO


Você tem um apetite incontrolável? Come doce antes do salgado, depois come o salgado depois do doce para contrabalançar? Não nega nada, nem caroço de azeitona? Está sempre aberto a orgias gastronômicas e experiências alimentares extravagantes?Seja benvindo (que saco, esta nova ortografia...opa, dá outra associação!!!!)


CENTRO CULTURAL ZEZIM &CRISIM


Esta entidade está totalmente ativa. Enquanto eu e Zé estivermos vivos e juntos pelo menos. Foi criada graças a um caríssimo amigo que um dia disse "poxa, a casa de vocês parece um centro cultural...". E nos deu carinhosamente um carimbo para marcarmos folders, presentes, bilhetes, livros, enfim, tudo que inventarmos para os amigos.

Nosso centro cultural já ajudou a promover muitos fanzines, folhetins informativos, noitadas do Bloco dos Sem-Carnaval, batatadas, rega-bofes, manuais para viajantes, manuais gramaticais, e por aí vai. Até produzimos eventos sociais importantes como o chá de cozinha da minha irmã. Rolou até diploma para a homenageada.


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Quem estiver interessado em se tornar membro assíduo destas entidades ou simplesmente manifestar seu apoio, entre em contato comigo.


As inscrições são gratuitas!!!!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Bookcrosser Crisim na ativa


Este final de semana tomei coragem e resolvi encarar a minha nova condição de "libertadora" de livros. Minha primeira ação foi na estação Liberdade. Minto, o Zé já havia libertado três livros meus, dois na Central das Artes e o outro dentro do metrô (no trem mesmo!). Só que no caso dele não tinha esta atitude "ideológica" minha. Fez porque pedi. Bom, como ia dizendo eu mesma estava devendo fazer alguma coisa. Neste momento solene não estava sozinha, Zezim e Kauê estavam comigo para testemunhar e dar um incentivo.

Depois de umas pernadas na feirinha da Liberdade, já de volta e na estação Consolação, deixei outro.

Um turbilhão de coisas, o coração batendo forte, a indecisão, alguns olhares alheios em mim. É uma experiência emocionante!

Se encontrarem algum livro solitário por aí já sabem...Está lá intencionalmente! Esperando um flerte... Porque tudo se parece mesmo com um approach amoroso, o livro está lá, a pessoa está também, os dois estão sem fazer nada...Quando dão por si ambos estão fisgados.


Para quem se interessar em embarcar nesta aventura, existem alguns lugares fixos de bookcrossing, com livros à espera de alguém para sequestrá-los. Se você for mais corajoso, torne-se membro e deixe alguns filhotinhos livrescos cairem no mundo:

Central das Artes - R. Apinagés 1081 - Sumaré

Salommão Av. Angélica, 2435 - Higienópolis

Casa das Rosas - Av. Paulista


domingo, 1 de fevereiro de 2009

Livro livre


Tenho perdida na minha memória uma conversa com um amigo sobre livros. Ele precisava ler o livro "A Era dos Extremos" do Hobsbawn para o mestrado e ia pedir emprestado. Até aí tudo bem. Descobri que ele tomava emprestado todos os livros que queria ler, comprava muito pouco. Não que não tivesse condições de tê-los ou que fosse sovina, era um posicionamento próprio. Fiquei surpresa com as idéias dele justamente porque me vi seguindo uma premissa totalmente contrária. Sou muito apegada aos meus livros, ponho nome na página de rosto, sei a posição deles na estante, quando empresto é com muito receio e quase chorando e agitando o lencinho na despedida. Nunca mais esqueci a frase que ele me disse "ter o livro com você não garante que você tenha o conteúdo para si". Segundo ele, a não ser que eu vá revisitar o livro várias vezes, tê-lo comigo guardado é totalmente inútil. O livro existe para ser lido e ponto final.


Trabalhei em biblioteca, fui convivendo com livros "públicos" por assim dizer e constatando como é importante este tipo de pensamento. Depois por conta própria inventei uma bibliotequinha no serviço com um sistema de empréstimos bem simples. Usei meus próprios livros neste acervo. Penso que desta forma ajudo os demais a lerem mais, mas no final das contas estou ajudando a mim mesma a praticar o autodesprendimento e por em prática a idéia do livro livre.


Quando já estava bem sossegada e achando que já tinha contribuído o suficiente para um mundo mais leitor e uma Cris menos possessiva e egoísta, eis que surge uma novidade embasbacante. Estive na Casa das Rosas no aniversário de Sampa como já havia contado no texto anterior. Por lá estavam distribuindo livros de um movimento chamado "bookcrossing". Na capa dos livros estava escrito "Não estou perdido... Sou um livro livre!". E no interior um texto que me emocionou de tão fundo que pegou em mim: "Sou um livro muito especial. Viajo ao redor do mundo em busca de novos leitores. Espero ter encontrado mais um em você. Por favor, vá até www.bookcrossing.com, entre com o número BCID abaixo e deixe uma breve nota. Descobrirá onde estive, quem me registrou e meus leitores anteriores saberão que estou seguro em suas mãos. Depois ajude-me a realizar um sonho: leia-me e liberte-me!"


A proposta é muito simples. O livro é colocado em lugares públicos para um curioso e leitor em potencial descobrí-lo. Cada livro tem um registro no site e espera-se que os leitores que o acharam dêem satisfação dele no momento em que tomaram posse ou quando vão deixá-lo para o próximo felizardo. Quem quiser ir mais fundo nesta filosofia pode inscrever-se como membro e botar livros para circular. O site dá todo o suporte para você realizar a façanha, desde uma espécie de estante virtual dos seus livros libertados até modelos de etiquetas e cartazes de divulgação.


Nem preciso dizer que fiquei viajando na idéia: o mundo virar uma grande biblioteca! E melhor, o livro é que te acha e não você! Mais ainda: a experiência de compartilhar. Não é emocionante? Ah, eu precisava fazer parte disso! Já me tornei membro e comecei a escolher alguns filhos de papel para entregar para o mundo. É um processo doloroso para a mãezona aqui, mas totalmente transcendente. Quando atingir o nirvana eu aviso, tá?


O evento bookcrossing na Casa das Rosas foi registrado em documentário:



O bookcrossing no mundo:


Em Portugal



Na França:



Na Grécia:



Na Alemanha: