quinta-feira, 1 de julho de 2010

Crônica de uma diabete anunciada


Acredito que cada pessoa tenha internamente uma quota específica para cada coisa que ingere. Alguns tem cadinhos generosos e outros nem tanto. Digo metaforicamente para não cair naquele blablabla sobre genética que todo mundo já sabe. Para grande desgosto meu minha quota para doce era pequena. Se soubessse disso antes teria organizado desde cedo um esquema mais equitativo nas minhas comilanças. Bom...pensando bem... muita organização em orgia tira o tesão, né? E por falar em orgia, a minha compulsão por doces me proporcionou belas e inesquecíveis bacanais calóricos.
Vou lembrar só alguns momentos que me dão água na boca, já que agora em diante dependerei das lembranças e da imaginação para não morrer de tédio dietético. Lembro da minha vó portuguesa servindo bolões enooormes de cenoura para nós, ainda poucas horas depois do almoço de domingo já muito regado com Gini, Guaraná ou Crush. E também do vô portuga que incentivava as netas a meter a mão no baleiro e só ficava satisfeito quando as mãozinhas estavam transbordando de balas (balas Juquinha. Alguém se lembra?) Ah! Tinha também os ovos de páscoa roubados da irmã mais nova que eram sem dúvida muito mais gostosos que os meus, apesar de serem da mesma marca ou tipo. Aliás, roubar doces alheios desenvolveu em mim um instinto de caçadora para descobrir guloseimas escondidas. Já adulta, fiz a loucura de passar uma semana só almoçando sorvete de cupuaçu e creme de bacuri numa viagem em Belém do Pará. Depois desta aventura qualquer coisa que tenha cupuaçu ficou sendo para mim o supra-sumo da delícia.
Meu derradeiro prazer foi um pão de mel com recheio de maracujá. Foi a última coisa vraiment douce que botei na boca, pois no dia seguinte fiz a curva glicêmica que decretou a minha famigerada sentença de diabética forever.
Se seguir a risca a dieta, emagrecer o recomendável pela endocrino, sobreviver às tentações durante a manutenção, virar perita em contagem de carboidratos, tenho chance de ganhar uma condicional por bom comportamento. Se Santa Clara dos Ovos Nevados permitir, vou poder muito esporadicamente (eu prometo doutora!) fazer minhas papilas gustativas alucinarem com uma...Nhá Benta...

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