terça-feira, 25 de novembro de 2008

Quem é Paul Rogers?

Hoje no serviço uma reunião extraordinária aconteceu reunindo três roqueiros inveterados, eu inclusa, e nenhum de nós (opa, nome de banda!) sabia quem era o figura. A pergunta que não quer calar "Quem é Paul Rogers? (daria um bom nome de banda!) ficou soando nas nossas cabeças. Um show do Queen no Brasil não passa despercebido por nós e atiça a vontade de torrar o salário suado num ingresso, mas esta incógnita pessoa incomoda e põe fim no ímpeto de sair correndo até o Via Funchal. Quem ousaria acordar o Queen do panteão do rock onde descansa eternamente laureando suas glórias? E ainda por cima profanar o espaço ocupado pelo Freddie Mercury? Quem?Quem?Quem?!

Na matéria jabazeira do "Cansástico" sobre o show a ignorância podia ser mitigada. Mas como sempre, tudo muito cuspido e escarrado. Um inglês entrevistado no meio do público que estava para ver o show na Europa se surpreende com o fato de que muitas pessoas não conhecem o Paul Rogers. Pensei "agora vão me explicar quem é este cara". Que nada, segue a matéria e nenhuma informação mais útil além da que ele foi integrante da banda Bad Company. Vai ver o próprio jornalista que montou não sabia muita coisa...Ou resolveu não revelar para não comprometer demais... Continuando a análise da matéria, o Roger Taylor diz que Paul Rogers era um ídolo do Freddie, que ele ficaria lisonjeado, coisaetal. Não me convenceram ainda. Cadê a cópia das declarações do Freddie com três vias registradas na ADEBRA? Disseram ainda que rolou uma química entre eles. Pô, vamos parar com isso. Viagem de pó não vale como critério para se escalar vocalista...E as imagens do cara cantando são menos convincentes ainda. Nada a ver. Sei lá, um Clóvis Bornay comportado. Um fio de voz, uma sem-gracice sem fim. Segue o link da matéria para aqueles que não assistiram: http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM912213-7823-QUEEN+VOLTA+AO+BRASIL+APOS+ANOS,00.html

Parti para a boa e velha procura no Google e no Youtube.Tava lá tudo sobre ele. O tudo e o nada junto: tanta coisa e tudo não passava de informação broxante. Que coisa!

Mais interessante foram os homônimos dele. Tinha Paul Rogers advogado e congressista norte-americano já mortinho (1921-2008). Vai ver caiu durinho quando viu seu nome nesta toada: "Você vai cantar com o Queen? Poxa, quem te vê nesta gravatinha e paletó não diria...". Tinha ator inglês de 81 anos ainda vivo. Um Paul Rogers jogador de futebol de times ingleses desconhecidos, como o Sutton United. Um outro jogador mais famoso, só que de basquete e australiano, que até passou pelo Los Angeles Lakers. Um ilustrador infantil. Um fotógrafo inglês competentíssimo com um fotoblog de encher os olhos. Um chef de cozinha! E por último um policial pervertido que tentou um "to groom" com uma garota (amigos fluentes no inglês, help me na nota: "A pervert police worker caught trying to groom a girl aged 12 over the internet got 18 months jail"). Até um homônimo brasileiro apareceu, Paulo Rogério, cantor gospel com uma música "Sou submisso". Este chegou perto, hein?

Deixo abaixo as fotos dos Paul Rogers todos para o deleite de vocês. Tentem descobrir quem é quem...

Agora o Paul Rogers mesmo, aquele que virá requentar os clássicos do Queen com sua vozinha...Bah...Chama o George Michael! Pelo menos o "Somebody to Love" dele no Tributo a Freddie Mercury tá mais empolgante!























domingo, 16 de novembro de 2008

Mea culpa de uma metaleira de meia tigela

ESTE TEXTO POSTEI NO MULTIPLY - QUEM JÁ LEU NÃO PERCA TEMPO...
Já que a culpa de não ir a shows de rock está latente, achei oportuno relançá-lo...

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Se o meu eu de quinze anos atrás soubesse o que me tornaria hoje o que pensaria? Hoje tive claro que o sentimento de frustração seria o mais latente naquela Cris que fui.
A Dama de Ferro veio aqui várias vezes e eu tive sempre justificativas bem palpáveis para não vê-la: minoridade, pai bravo, mãe temerosa, dependência econômica e a certeza que a grana para o show nunca seria dada para tais fins. Agora ela chega aos meus ouvidos pela minha varanda por ter o privilégio de morar próximo do Parque Antártica e de ter um show rolando por lá com trocentos megawatts de potência e um público irado cantando todas as músicas. Me postei na varanda para não perder a oportunidade de um dia ouvir o Iron Maiden. Curiosamente eu não estava sozinha, outros expectadores-de-ouvido estavam nas janelas e varandas. Acho que todos estavam vivenciando flashbacks parecidos ao que eu estava tendo na minha cabeça...
Tudo começou com uma galerinha metaleira interessante no meu bairro onde morei na infância e adolescência. Por proximidade e nem tanto por amizade, pude tomar conhecimento do que era o tal de "Iron Maiden". E aquela molecada cabeluda e de preto era muito atraente aos meus olhos de adolescente. Não deu outra, comecei a me considerar parte do movimento dos headbangers, apesar de ter medo de fazer o movimento cervical característico e terminar com um baita de um torcicolo. Tinha uma certa inibição de assumir e passei por esta fase sem o uniforme básico: o cabelão e o pretinho básico. Ninguém notou a mudança da "Cris Metaleira". Minha fama de CDF era forte e eu não sabia direito como conformar as duas correntes de visual e atitude.
A adoração tomou corpo quando ganhei do meu tio roqueiro um álbum duplo e um quadro cheio de recortes da banda. Foi o presente mais intenso que recebi na minha vida. Ficava horas ouvindo e reouvindo uma fitinha com o the best of do Iron Maiden no toca fitas do carro da minha mãe (era esta a minha estratégia para não ferir os ouvidos sensíveis da família).
Com o tempo fui ficando mais ousada, colando pôsters no quarto, para horror do meu pai que nem passava na porta para não ver aqueles homens todos na parede, de calças agarradas com os membros volumosos muito perceptíveis, olhando para sua filhinha. E eu dormia suspirando e enlevada, com os olhos grudados no Steve Harris.
Quando vieram para o Rock in Rio lá estava eu de plantão na sala sozinha assistindo e esperando que meu pai não cortasse o meu barato sob algum tipo de ameaça paternal e fizesse valer as regras da casa de dormir cedo.
De pé na minha varanda fiquei a pensar quais desculpas eu daria para aquela garota. Como ela entenderia que apesar de agora estar na condição de assalariada, independente e adulta, sem pai castrador e ainda morando perto do local do show, não estou lá entre os 37.000 felizardos?

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Passei pelo R.E.M e gostei


Em prol da minha adolescência perdida fui ao show do R.E.M nesta terça-feira (11/11). Uma coisa arriscada pois não sou a típica fã de carteirinha, só conheço os hits da banda e nem sei as letras de cor. E do jeito que o show começou já deixou claro logo que o Michael Stipes (pasmem, fiquei sabendo o nome dele no dia do show), não era um cara empenhado em bajular o público cantando só os sucessos. Conclusão, foi como se tivesse ido para uma festa de um amigo distante que fazia tempo que não visitava e que agora estava com outro rol de amigos em torno. A maioria das músicas me eram desconhecidas e me senti ligeiramente deslocada. Só ligeiramente porque o estilo da banda é inconfundível, e você sente uma certa familiaridade com qualquer uma delas. Já que eu não conseguia cantar e embromar direito, a única coisa que podia fazer para extravasar meu entusiasmo rock'n'roll era chacoalhar meu corpo. Valeu a pena botá-lo para se mexer por lá. Foi um baita show apesar da minha ignorância. O carequinha é hiper carismático, deixou passarem a mão na sua calvície assumida, discursou pró-Obama, cantou e encantou. Fiquei com uma vontade de ser mais assídua nestas manifestações da massa. E voltou o meu arrependimento em relação aos outros shows que deixei de ir por pura preguiça...
Depois do show um pessoal mais informado que eu me falou do carequinha Stipes com carinho, do posicionamento político dele, de como ele se tornou icone gay, etc. Acrescentou mais intensidade nesta minha recordação do show.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

"Reminiscências de uma não-dona de casa" ou "Manifesto de uma vagal convicta"


Espero que minha mãe não leia este texto. Não que me falte coragem de assumir minha condição para a pessoa que me criou. Não se trata disso. Ela até se auto-intitula responsável pela minha completa falta de jeito para as coisas domésticas. Só não aguentaria ver a tal condição desfraldada a quatro ventos e alguém ainda cogitando que ela não me educou direito. Toda a teoria e prática das ciências domésticas me foram repassadas. Mas paradoxalmente dizia revoltada "Quando você crescer não vai ser como eu, vai trabalhar, não vai ficar limpando casa". Não lembro de nada disso, ela é quem lembra. Se interiorizei esta mensagem ou se já carregava no meu DNA, eu não sei. Só sei que desde que me conheço por gente tenho um sofrimento quase ancestral quando boto as mãos numa louça. Cada tarefa levava horas intermináveis com tantas interrupções, tantas divagações, idas para o banheiro, olhadas na tevê ligada, e o bordão da minha mãe martelando na minha orelha "Ainda não terminou?"Eram e ainda são projetos fadados ao fracasso. Ainda hoje qualquer serviço doméstico começado não tem garantias de que será terminado. E para passar por eles sem traumas crio sistemas malucos como lavar de dez em dez, começar de baixo para cima e vice-versa, fazer por empreitada durante os intervalos na tevê ou entre cada capítulo de um livro, separar por categoria, e por aí vai. Teve uma ocasião que quase encontrei um método bom de levar adiante um serviço:fazê-lo ouvindo um áudio-book. O problema é que a atenção fica voltada para o enredo da história e não para o que minhas mãos estão fazendo...
Dizendo assim parece que a canhestrice doméstica é inconsciente. Não é. Não faço e não me submeto a fazer quando o esperado de mim é para que eu faça. Claro que em situações coletivas sou solidária e colaboro na limpeza. Mas quando o coletivo já vem viciado, já estão lá os homens na rodinha do futebol e as mulheres se cotizando para a lavação e a arrumação, estou fora. É sempre a mesma cena muito deprimente. Por mais que os homens estejam de boa vontade para qualquer coisa, eles não se ligam nunca que uma hora têm que arregaçar as mangas. Meio que inconscientemente as mulheres vão se organizando e em pouco tempo está tudo arrumado e limpo, sem que eles notem. Lastimável. Alguém poderia otimistamente exaltar a capacidade agregadora, acolhedora e solidária da mulherada. Morra seu alienado!!! Tem dó não de sua mãe e irmãs?
Mesmo que homens e mulheres interajam no mesmo espaço, divertindo, trabalhando, etc, ao final do dia podicrê, vai ter uma coitada que vai arrumar tudo...
Não estou defendendo a instituição da bagunça total e sem limites. Só gostaria que os olhos se abrissem para a imposição tautológica de papéis. Esta lenga-lenga que estou dizendo já é velha, bem sei, mas se não fosse necessária ainda não estaríamos repetindo tantas e tantas vezes, não é?

sábado, 1 de novembro de 2008

Dilema Futebolístico

Eu tenho dois times. O Azulão e a Lusa. A Lusa foi uma ternura inesperada que me percebi sentindo desde que meu pai morreu. E concomitantemente também fui perdendo minha ojeriza pelas coisas portuguesas. Salvo "el bigodon" portuga que meus ancestrais me deixaram, aiai. O Azulão foi de acompanhar o Paulista de 2004, ver matérias sobre ele, principalmente sobre os bengalas azuis. Tanto é que fui ver a final de perto.
É muito fácil ter um time próprio para alguém que nasceu num ambiente em que torcer para algum time é uma coisa muito natural e já esperada por todos. Para mim, apesar do meu pai ter sido um torcedor fanático, futebol era algo do universo masculino adulto. Futebol era para o meu pai e para os amigos dele, não era para o meu bico. E eu também nem fazia questão porque afinal eram tantas coisas que eu tinha que me submeter por causa do patriarcado autoritário e machista que ele impunha, que não gostar de futebol era até um ato de rebeldia ou de auto afirmação. Estava no pacote de não gostar de tremoço, de bacalhau, de fado, do Roberto Leal, de Portugal, de conscientemente não conhecer o parentada das Oropa.
Daí meu pai foi-se. E eu que tinha feito as pazes com ele e com tudo o que lhe dizia respeito, vi perder o sentido a minha lusofobia. Foi então que a Lusa despontou.
Quando cheguei no canal de esportes mergulhei num mundo inteiramente novo para mim. Foi um mergulho de apnéia e eu acredito até que bati vários recordes de resistência e auto-superação. Pensei várias vezes que não ia sobreviver, mas consegui. Agora não faço feio em rodinhas onde o papo futebolístico impera, apesar de vez ou outra ter que defrontar ainda um despeito masculino. Mas não é merito só meu, é de tantas outras que vem quebrando estes limites. Não é por acaso que temos uma Soninha debatendo sobre futebol, e uma 6º elementa no Rock Gol. E cada vez mais se pode ver umas carinhas femininas nas arquibancadas, e elas nem parecem estar acorrentadas e terem sido forçadas por seus pais e namorados para estarem ali.
Com o contato cotidiano com este ambiente fui me acostumando, aprendendo e gostando. E minha tendência simpática aos desesperados e oprimidos se manifestando numa torcida velada pelos times pequenos. Foi aí que o São Caetano despontou.
Tem por aí ums monogâmicos de plantão que se horrorizam. E vem com aquele argumento chato e clichê de que gostar de mais de um time é falta de opinião. Time tem que se ter um só e para todo o sempre. Por que não se ter dois? Por que não se ter um, se desgostar e mudar para outro, como no divórcio? Para mim esse tipo de coisa soa quase como um moralismo. Bem, de qualquer forma as coisas no futebol andam meio retrógradas mesmo, a cartolagem ainda impera impune, o Estatuto do Torcedor com quem cumprindo quem quer, contratos de compra e venda sem acompanhamento do Banco Central...
O único empecilho de gozar plenamente os dois amores: quando os dois entram em campo...